No arquipélago europeu mais a oeste, no meio do Atlântico Norte, surge o arquipélago dos Açores. A ilha do Pico, sendo a segunda maior ilha do arquipélago, e é também a responsável pela maior produção de vinho dos Açores.
Aqui a montanha do Pico (2351 m o ponto mais alto de Portugal) é a chave da variação do clima em toda a ilha, mais fresco e chuvoso a sul da ilha e próximo do vulcão, do que a oeste e a norte, mais longe da montanha onde estão a maioria das vinhas. As vinhas estão plantadas quase à beira do mar, em particular na Criação Velha (Património Mundial da Humanidade desde 2004).
O solo da ilha do Pico, é quase mentira. Raras são as zonas desta ilha açoreana do grupo central, onde há de facto solo. A ilha do Pico, é terreno de gente brava que transformou o basalto e as falhas deste em terreno de vinha. Onde outros viram impossibilidade, os pioneiros da vinha, teimosos, criaram uma oportunidade.
A paisagem vitícola do Pico é pintada de negro no Outono e Inverno e de verde e negro na primavera e verão. Procurando falhas no basalto, os Picarotos (nativos da ilha do Pico), plantaram bacelos que ajustavam ao basalto com cestos e latas de terra trazidas da ilha vizinha, o Faial. Davam um pouco de conforto as raízes novas da vinha, deixando que o tempo fizesse crescer as raízes pelo basalto abaixo, buscando vida em solo inóspito.
Com nomes próprios associados à viticultura importa saber de que se trata:
“Curral” – unidade de vinha mais pequena protegida por muros de pedra.
“Jeirão” uma linha de “currais”.
“Canadas” são uma linha de muro onde são construídos os “currais”.
“Bouquena” é o caminho de acesso aos “currais” junto às “canadas”.
O vento com a brisa marítima são uma constante, que obrigou o engenho humano à criação de muros laboriosos de proteção feitos de basalto. O clima é marcado pelo oceano e pela montanha. As temperaturas são amenas ao longo de todo o ano, havendo sempre uma elevada humidade e precipitação frequente. Diz-se por aqui, que podemos ter as quatro estações do ano, num só dia!
Qualquer pequeno pedaço de terra ou falha no basalto, constitui uma oportunidade para enraizar uma videira. Proteger a videira do vento e do “rocio” do mar é fundamental. Vigiar e acompanhar o ciclo é imperioso, porque dada a elevada humidade e frequente precipitação, a pressão de doenças fúngicas é enorme, (mais vezes do que o desejado pelos Picarotos), levando a significativas quebras de produção.
Será porventura a viticultura mais laboriosa e difícil do mundo? Ainda assim, o espírito tenaz dos nativos faz com que a viticultura do Pico viva.
Da conjugação dos solos vulcânicos com a brisa marítima e as castas únicas, os vinhos do Pico aliam uma textura salina profunda a uma tensão ácida enorme.
A diversidade de castas permite perfis de fruta diferente. Um trio de castas – Verdelho, Terrantez do Pico e o Arinto dos Açores. O Verdelho permite um foco de fruta mais evidente, quase tropical, como casca de limão. O Terrantez do Pico, mais tenso e especiado, mineral, menos generoso de fruta. E o Arinto dos Açores, com fruta citrina, generoso e de tensão ácida incrível. São sempre vinhos únicos onde o binómio casta e local é crítico para a sua identidade, com uma tensão ácida assinalável, e que lhes garante um enorme potencial de maturação em garrafa.
Este é o lema que orienta a nossa missão e dedicação à qualidade acima de tudo. Uma estratégia focada em apresentar o que de melhor as nossas vinhas permitem, queremos apresentar vinhos de excelência que mostrem o local onde são criados. Queremos ter vinhos que sejam apreciados por pessoas que os entendam e valorizem.
Para a Tarelo, o vinho não é somente uma bebida, mas sim uma experiência que envolve todos os sentidos. Cada garrafa de Tarelo conta uma história de tradição, dedicação e paixão, transmitida através dos sabores e aromas únicos dos vinhos portugueses.
O nosso enólogo é um curioso que procura usar a nossa matéria-prima, uvas nativas das ilhas, e transformá-las em vinhos únicos.
Um verdadeiro alquimista, capaz de transformar uvas em criações que narram histórias em cada taça.
Com uma paixão incansável pela arte da vinificação, da experimentação e do lote, o Tiago pretende mostrar o Pico com vinhos que cativem os sentidos.
Cada rótulo é uma viagem, pelo universo enológico da ilha do Pico!